Por que as mulheres são as mais afetadas pelas doenças autoimunes?

As doenças autoimunes representam um grupo complexo de condições em que o próprio sistema imunológico ataca células e tecidos saudáveis do corpo. Embora possam atingir qualquer pessoa, independentemente da idade ou sexo, há um dado que chama atenção: as mulheres são desproporcionalmente mais afetadas em algumas doenças. 

Estima-se que cerca de 80% dos pacientes com doenças autoimunes sejam mulheres, o que levanta um importante questionamento sobre as razões dessa predominância.

Entender por que isso acontece não é apenas uma curiosidade científica, mas uma necessidade prática. Saber identificar os fatores que tornam as mulheres mais vulneráveis pode auxiliar tanto na prevenção quanto no diagnóstico precoce dessas doenças. Afinal, muitas vezes, os sintomas não são muito específicos e podem ser confundidos com outras condições, atrasando o início do tratamento adequado.

Neste artigo, vou te mostrar os principais fatores que ajudam a explicar esse fenômeno: as diferenças hormonais, as influências genéticas e epigenéticas, além do impacto psicológico e social que molda a saúde feminina.

Influência dos hormônios

Os hormônios sexuais desempenham papel central na modulação do sistema imunológico, e isso ajuda a compreender por que as mulheres são mais vulneráveis às doenças autoimunes. O estrogênio, por exemplo, é conhecido por estimular a atividade imunológica, o que pode ser benéfico na proteção contra infecções. No entanto, esse mesmo efeito pode aumentar o risco de respostas exageradas, como ocorre nas doenças autoimunes.

Outro ponto importante é a variação hormonal ao longo da vida da mulher. Ciclo menstrual, gravidez e menopausa são fases marcadas por mudanças significativas nos níveis de estrogênio e progesterona, que podem alterar o equilíbrio imunológico. Em muitos casos, observa-se que sintomas de doenças autoimunes podem se agravar ou até mesmo surgir em períodos de maior instabilidade hormonal.

Além disso, estudos mostram que mulheres com determinadas doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico, tendem a apresentar piora durante a gravidez ou no período pós-parto, justamente pela complexa interação entre os hormônios e o sistema imunológico.

Genética e predisposição biológica

A genética também exerce papel decisivo na maior incidência de doenças autoimunes entre as mulheres. O fato de possuírem dois cromossomos X pode ser uma das explicações. Esse cromossomo carrega diversos genes relacionados ao funcionamento do sistema imunológico, e sua duplicidade pode gerar maior suscetibilidade a alterações.

Além disso, estudos de epigenética mostram que fatores externos, como estresse, infecções ou exposição a toxinas, podem ativar ou silenciar genes associados às doenças autoimunes. Isso significa que não apenas a herança genética, mas também o ambiente em que a mulher vive influencia no desenvolvimento da condição.

É importante destacar ainda o histórico familiar como um marcador de risco. Mulheres que têm parentes próximos diagnosticados com doenças autoimunes apresentam probabilidade mais elevada de desenvolver algum tipo de manifestação semelhante ao longo da vida.

Fatores psicossociais e estresse

As mulheres estão mais expostas a situações de estresse crônico, seja pela sobrecarga de responsabilidades no trabalho, no cuidado com a família ou mesmo pelas desigualdades sociais ainda presentes. Esse estresse constante pode desregular o sistema imunológico e favorecer a inflamação.

As mulheres também apresentam maior prevalência de transtornos como ansiedade e depressão, condições que, por si só, já estão associadas a alterações imunológicas. Essa interação entre saúde mental e imunidade cria um ciclo em que o estresse emocional pode desencadear ou agravar manifestações autoimunes.

  • Sobrecarga de tarefas domésticas e profissionais
  • Pressão social por padrões estéticos e de comportamento
  • Maior prevalência de violência e desigualdade de gênero

Todos esses fatores, somados, contribuem para explicar a vulnerabilidade feminina diante das doenças autoimunes.

Impacto no diagnóstico e tratamento

Outro aspecto a considerar é que as doenças autoimunes podem se manifestar de forma diferente em mulheres e homens, o que influencia diretamente no diagnóstico. Muitas vezes, os sintomas iniciais são inespecíficos, como fadiga, dores musculares ou alterações de humor, levando a diagnósticos tardios. Esse atraso impacta negativamente na qualidade de vida e pode gerar complicações evitáveis.

Além disso, existe um viés histórico na pesquisa médica, que durante décadas priorizou estudos realizados em homens. Isso fez com que as particularidades femininas fossem negligenciadas, o que ainda reflete nas estratégias de diagnóstico e tratamento atuais.

Hoje, felizmente, a ciência reconhece isso e busca desenvolver protocolos mais específicos para a saúde feminina, levando em conta suas particularidades biológicas e sociais. Ainda assim, há um caminho a percorrer para garantir diagnósticos mais rápidos e tratamentos mais eficazes para essas pacientes.

Busque ajuda profissional para cuidar da sua saúde

Quando falamos de doenças autoimunes, é essencial lembrar que o diagnóstico precoce e o acompanhamento regular fazem toda a diferença. Muitas vezes, os sintomas podem parecer comuns ou até passageiros, mas, se não forem investigados, podem comprometer a saúde a longo prazo. Por isso, recomendo que qualquer sinal de dor persistente, fadiga excessiva ou inflamação, seja avaliado por um especialista.

Eu sempre reforço a importância de não esperar que os sintomas se agravem para procurar ajuda. O acompanhamento com um reumatologista não deve acontecer apenas quando a doença já está avançada, mas também de forma preventiva, para garantir qualidade de vida e bem-estar. O cuidado constante é o caminho para lidar com as doenças autoimunes de maneira mais tranquila e segura.

Se você tem percebido sinais que chamam sua atenção ou já convive com uma condição autoimune, agende uma consulta comigo. Será um prazer ajudar no seu cuidado, oferecer um acompanhamento personalizado e caminhar ao seu lado nessa jornada de atenção à saúde.

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